As mulheres negras, quilombolas e indígenas têm feito um poderoso trabalho de proteção de seus territórios na região amazônica e da floresta, mas às custas de muitas ameaças, violências e até mortes. Está mais do que na hora de a sociedade brasileira valorizar esse trabalho e se engajar para aumentar sua visibilidade, garantindo a segurança dessas mulheres e reforçando seu empenho socioambiental. Esses e outros temas foram abordados por representantes da sociedade civil e do governo federal após a exibição do curta-documentário Tem Floresta em Pé, Tem Mulher no Cine Brasília na noite de segunda-feira (27/11), em Brasília, que reuniu mais de 100 pessoas.
“É preciso valorizar essas pessoas que deram sua vida, não só em defesa dos territórios, mas também em defesa para que mulheres e florestas convivam em perfeita harmonia”, afirmou Selma Dealdina, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), durante o debate que foi realizado após a exibição do filme, lembrando o recente caso de mãe Bernadete Pacífico, que foi executada em agosto na Bahia.
Maria Ednalva, vice-coordenadora do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), explicou a importância da organização das quebradeiras de coco no Tocantins para a preservação do meio ambiente, e Maria Laídes, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), lembrou da relação de sua família na luta pela preservação das florestas, reforçando a importância da valorização do trabalho das mulheres defensoras das florestas.
Ações e políticas públicas
“É o direito à terra que é a mãe dos demais direitos”, afirmou Roberta Eugênio, secretária executiva do Ministério da Igualdade Racial. “É o direito à terra que é a mãe do direito à liberdade, do direito à água e a proteção e garantia do direito de uma floresta em pé.”
Roberta enfatizou ainda a importância de se construir políticas públicas para povos e comunidades tradicionais e diálogo permanente com as comunidades. Roberta lembrou que no último dia 21/11 o governo federal lançou o programa Brasil Quilombola, a partir do qual estão sendo pensadas políticas para os quilombolas.
Para Edel Moraes, secretária de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural do Ministério do Meio Ambiente, o engajamento da sociedade em apoio ao trabalho das mulheres em defesa das florestas é fundamental para o sucesso e segurança delas. Da parte do governo federal, Edel afirmou que a proteção dos territórios das populações e comunidades tradicionais se dá por meio do “incansável trabalho de combate ao desmatamento, garimpo ilegal e racismo ambiental”.
Bárbara Barboza, coordenadora da área de Justiça Racial e de Gênero da Oxfam Brasil, ressaltou a importância de mobilizar a sociedade. “Essa é a forma que a Oxfam Brasil acredita ser importante falar sobre direitos e desigualdades, sempre de mãos dadas com os movimentos sociais, coletivos, juventudes, mulheres negras, populações e comunidades tradicionais, povos quilombolas, e em interlocução com o governo”.